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Organizações mundo afora estão passando por um momento muito peculiar. Esse período é marcado por pressões e desafios, como a busca por resultados sustentáveis a curto e longo prazos; a necessidade de repensar os modelos de negócio dada a “tsunami digital”; e o receio de estarem ficando para trás no tema de Inteligência Artificial (IA). Além disso, muitas organizações aguardam, de certa forma, o desenrolar dos grandes conflitos geopolíticos e militares. Mais do que nunca, a capacidade de rápida adaptação e agilidade na resposta a mudanças será uma competência central para a permanência e crescimento de empresas nesse cenário complexo.

Nesse cenário, é essencial que as empresas compreendam os diversos fatores que influenciarão o futuro próximo. A seguir, exploramos os contextos global, econômico, empresarial e tecnológico que devem ser levados em conta pelas organizações em suas jornadas em 2025.

Por mais difícil que seja fazer especulações sobre o tema, após ciclos de alta de juros nos Estados Unidos e na Europa em 2023 e 2024, o ano de 2025 deve marcar o início de uma normalização gradual. Em contrapartida, há uma grande volatilidade geopolítica na mesa, que pode alterar esse comportamento a qualquer momento. A contínua tensão entre Estados Unidos e China marcarão novamente a pauta no ano que se inicia.
A eleição do Presidente Donald Trump promete alterar a configuração do comércio global, uma vez que aumentos de impostos de importação foram promessas de campanha, com foco, sobretudo, na China. Possíveis alterações de alíquotas alfandegárias nos Estados Unidos podem abrir janelas de oportunidades para outros países.
Nesse sentido, o conceito do nearshoring se apresenta como uma grande tendência para o ano de 2025. Desde o auge da pandemia, a cadeia global de suprimentos tem se reconfigurado para que países importadores busquem opções próximas de seus territórios para suprimentos de matéria-prima e produtos estratégicos à sua economia. Para além da tensão EUA – China já relatada, os conflitos no Oriente Médio e na Rússia fazem com que a busca por parceiros estratégicos próximos aos próprios blocos (europeu e americano) seja uma boa aposta.
O Banco Mundial prevê um crescimento estabilizado, porém em ritmo fraco para o Produto Interno Bruto (PIB) mundial. A estimativa apresentada no relatório denominado Perspectivas Econômicas Globais* prevê crescimento de 2.7%. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) traz uma perspectiva mais agressiva, tendo revisado de 3,2% para 3,3% a previsão de crescimento do PIB global para o ano de 2025.
Já o Brasil tem projeção de crescimento do PIB para 2025 na ordem dos 2,01%, segundo o relatório FOCUS** do Banco Central de 13/12/2024. Em relação à inflação, é esperado um ano estável mantendo o IPCA na ordem dos 4,6%. A principal variável que merece atenção para o panorama brasileiro é a SELIC. A projeção de contínuo crescimento da taxa de juros, chegando a um possível patamar de 14% ao ano. Esse cenário impõe às empresas a dificuldade de acesso a crédito bancário, que se manterá caro. Somado ao momento mais conservador do capital de risco circulante mundial, representado pelos fundos de Venture Capital e Private Equity, espera-se que, em 2025, as empresas tenham maior atenção à viabilidade de curto prazo de suas operações. O acesso ao capital será mais seletivo, segundo especialistas.
Por mais difícil que seja fazer previsões sobre o câmbio no atual momento que vivemos, o Banco Central prevê uma redução do dólar para o patamar de R$5,85 ao longo de 2025, consequência esperada das ações que estão sendo colocadas em vigor pela instituição.
A Inteligência Artificial será o grande tema de 2025, ampliando as evoluções já vistas em 2024 e complementando-as com um novo acervo de casos de uso e aplicações reais. É esperado que o ano que se inicia seja o marco de uma nova economia: a economia dos Agentes Inteligentes.
Os Agentes Inteligentes podem ser definidos brevemente como a evolução e fusão de tecnologias como IA Generativa, Automação Robótica de Processos (no inglês, Robotic Process Automation – RPA) e análises preditivas. São aplicações de IA que não apenas têm a capacidade de interagir com seres humanos (como o Chat GPT), mas principalmente com sistemas e outros agentes, analisando contextos e tomando decisões de forma autônoma. Decisões essas que, em alguns casos, podem superar a capacidade humana.”
Para clarear, imagine que um agente inteligente está em funcionamento substituindo um antigo RPA de atendimento ao consumidor. Enquanto o RPA possibilitava apenas algumas ações pré-definidas na árvore de serviços apresentada ao cliente, o agente inteligente tem capacidade de adaptação, de leitura de cenário e de tomada de decisão sobre o que é melhor para aquele caso. Se o agente precisar acessar o banco de dados do ERP da empresa, consultar políticas de desconto e identificar uma regra viável para o caso, poderá – de forma autônoma – sugerir um tipo de desconto que maximize a chance de conversão e compra. Algo feito em segundos, com altíssima capacidade de processar milhões de dados para além do que o humano faria.
O segundo ponto que merece destaque é o advento da IA embutida em corpos robóticos. Robôs humanoides estão chegando ao ponto de viabilidade de fabricação, com aplicações conhecidas como o . Segundo Elon Musk, CEO da Tesla, os Optimus começarão a trabalhar nas fábricas da empresa em 2025 e prevê que a partir de 2026 estarão disponíveis para venda e uso em outras empresas.
Além dos humanoides, veremos cada vez mais a entrada de robôs assistentes em diversos setores: hotelaria (atuando com tarefas como serviço de quarto e limpeza), hospitais (realizando transporte de pacientes, limpeza de salas cirúrgicas e carregamento de alimentos), eventos (servindo como recepcionista e auxiliando informações), shopping centers (provendo informações e entretenimento), entre outros. Avanços na segurança pública com drones e robôs antibomba também crescem conforme a capacidade dos modelos da IA cognitiva avança exponencialmente.

Os riscos da nova Era

À medida que crescem as aplicações e oportunidades de usar a IA para alavancar negócios, crescem também, de forma proporcional ou até superior, as vulnerabilidades para as organizações. Torna-se necessária cada vez mais a implantação de uma cultura de validação. Com o uso de avatares virtuais, modelos que sintetizam voz e utilizam engenharia social avançada para se passar por outra pessoa, entramos em uma era na qual precisamos sempre validar a veracidade de fotos, vídeos e até mesmo pessoas que se passem digitalmente por alguém. O caso amplamente conhecido de um fraudador que se passou por um executivo financeiro em uma videoconferência para dar ordens de transferência de valores elevados marcou o início do que está por vir. A validação é necessária mesmo que você esteja falando com alguém por vídeo, por voz ou por texto. A IA permitirá clones digitais idênticos, com ampla capacidade de saber tudo que é deixado nos rastros digitais pela web.

Para além das fraudes ampliadas por IA, riscos relacionados ao vazamento de dados crescem com o advento e proliferação do uso de modelos de IA generativa nas empresas. O ano de 2025 será marcado pelo aquecimento da temática de Regulação e Governança de IA, na medida que governos e empresas pressionam suas áreas de compliance para pensarem como criar controles que reduzam os riscos de mau uso e vazamento de dados. O avanço da regulação europeia e a corrida do legislativo brasileiro para passar o Projeto de Lei que prevê o início da regulação da IA darão o tom para empresas privadas e públicas se organizarem, assim como aconteceu com o “boom” da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Por fim, mas não menos importante, destacamos o grande desafio relacionado à pauta ESG (no inglês, Environmental, Social e Governance). O avanço da IA requer um enorme consumo de energia. E a ampliação dessa oferta de energia para suportar o crescimento da capacidade computacional não necessariamente virá de fontes limpas. Como conciliar o avanço de tecnologias que têm o potencial de ajudar na descoberta de vacinas e curas de doenças com a minimização do impacto ambiental? A linha tênue entre avanço e retrocesso está nas principais mesas de discussão de governos e organismos internacionais.

Estima-se que os datacenters globais que operam as máquinas necessárias para rodar os modelos de IA, criptomoedas, dentre outros, gastam cerca de 2% de toda a energia gerada no mundo. Em um  recente artigo publicado no , a jornalista especializada em questões ambientais Casey Crownhart, aponta que não apenas o avanço da IA, mas a eletrificação da mobilidade urbana e do setor industrial se somam nos vetores de maior demanda por energia. O contraponto está na aceleração e expansão do uso de geração de energia solar, eólica e de fontes diversas não poluentes para equilibrar a equação. De toda forma, essa será uma das principais pautas vinculadas ao ESG a partir de 2025.

Conclusão

A Bridge & Co. acompanha de perto grandes organizações nacionais e globais em seus desafios de Business Transformation. Na prática, vemos como esses debates reconfiguram o pensamento estratégico de seus futuros modelos de negócio.

A chamada principal para líderes empresariais é materializar uma cultura de agilidade real em seus negócios, não apenas na teoria e muito menos apenas para as áreas digitais. Cultura de agilidade para tornar seus negócios responsivos o suficiente, possibilitando reagir à materialização das ameaças e usufruir das oportunidades do horizonte.

A Inteligência Artificial é uma lâmina que corta tanto a fruta que queremos comer quanto pode cortar a nossa pele. Aumentar a destreza digital da nossa força de trabalho, tornar-nos capazes de monitorar momentos corretos de investimento e apoiar-nos em redes de parceiros qualificados é o caminho para navegarmos um 2025 menos turbulento.

Desejamos bons ventos a todos e que a travessia seja segura e bem-sucedida!

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Fundador e CEO da Bridge & Co., Engenheiro de Produção e Mestre pela COPPE/UFRJ e com MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral. É Especialista em Business Transformation com ênfase em transformações orientadas pelas tecnologias digitais com automação de processos, análise de dados e inteligência artificial. Certificado ITIL 4 Managing Professional, ITIL 3 Expert, CGEIT e Auditor ISO/IEC 20.000. Atua também como palestrante, autor e professor de pós-graduação em instituições como UFRJ, FGV, UFJF e Fiocruz. 

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