Com o aumento da relevância da tecnologia da informação no mundo corporativo e a pressão do mercado para que as empresas se transformem digitalmente para entregar produtos com mais agilidade, a demanda por áreas de TI capazes de utilizar o ágil escalado, isto é, utilizar um conjunto de práticas ágeis de modo mais amplo atingindo mais pessoas e mais times da organização, tem sido crescente.
De acordo com o idealizador do framework SAFe (The Scaled Agile Framework®), Dean Leffingwell, na era digital, todas as organizações são na verdade organizações digitais: a presença de tecnologia em todas as áreas das organizações e a dependência por esses recursos fazem com que a adoção da agilidade deixe de ser algo opcional, ou limitado a equipes, tornando-se indispensável para qualquer estratégia de negócio.
No entanto, para habilitar o ágil escalado numa organização, destacamos dois importantes pré-requisitos: a maturidade tecnológica da TI e a manutenção de uma operação estável. Dessa forma, a identificação do nível de maturidade da TI na organização, de modo a permitir que esta faça uma leitura apropriada do momento atual da sua área de tecnologia e possa assim provisionar adequadamente o futuro próximo, é fundamental nessa jornada.
Nível de maturidade da TI: por que medir?
O nível de maturidade da TI pode ser definido como a mensuração das capacidades – neste caso, da TI – de uma organização. Essa medição permite que uma empresa determine quão bem o seu negócio é suportado pela área de TI, considerando o uso apropriado do poder transformador da tecnologia.
Se o nível de maturidade é elevado, isto significa que esta unidade da organização está operando de modo eficiente, ou seja, seguindo as melhores práticas, entregando serviços com qualidade de modo consistente e sendo capaz de se adaptar rapidamente e com facilidade a mudanças, apresentando maior agilidade e conformidade às necessidades do seu negócio.
Em linhas gerais, o objetivo principal deste tipo de medição é descobrir a efetividade da operação de uma organização e identificar o que é necessário para melhorar a sua performance visando atingir os objetivos do negócio.
No mercado, já existem frameworks capazes de realizar essa tarefa de modo satisfatório com modelos de maturidade prontos para serem aplicados como, por exemplo, o COBIT®.
No entanto, no caso de ambientes complexos, a simples aplicação de um modelo padrão de mercado pode não ser suficientemente adequado ao propósito, sendo necessário adaptar o modelo para maior assertividade.
Nesse sentido, podemos citar um de nossos parceiros do ramo financeiro no qual optamos por utilizar uma abordagem customizada para mensuração do nível de maturidade da sua TI considerando as características do seu negócio:
- Ambiente orientado à agilidade
- Aumento exponencial de headcount
- Dinâmica de entrega de serviços acelerada
- Ritmo vertiginoso de crescimento
Aplicação do modelo de maturidade de TI
A partir da identificação das práticas vigentes e das principais áreas existentes na TI do parceiro, o primeiro passo, conforme a imagem abaixo, foi a definição dos pilares norteadores, os domínios envolvidos e as dimensões de atuação que compõem o ciclo de vida dos seus serviços e produtos desde o planejamento até a operação.
Fonte: Bridge & Co., 2021.
Para análise e avaliação dos domínios e dimensões estabelecidos, o modelo de maturidade desenvolvido foi sustentado por seis níveis crescentes. Quanto maior o nível, maior a complexidade das práticas e, consequentemente, maior a maturidade alcançada.
Além disso, para alcançar o próximo nível de maturidade, estabeleceu-se que seria necessário atingir 80% dos níveis atual e anterior (parâmetro que pode ser ajustado conforme a necessidade e contexto de cada organização):
Fonte: Bridge & Co., 2021.
Para avaliação de desempenho das dimensões de atuação, foram estabelecidos dois tipos de práticas: executoras (específicas para cada tema) e estruturantes (genéricas e baseadas na lógica do COBIT®), separadas em níveis de 1 a 5, capazes de refletir a maturidade da organização e viabilizar maior estabilidade à operação, colaborando internamente para escalada ágil da tecnologia.
Resultados da aplicação do modelo
Com base na classificação acima, o somatório dos resultados de cada prática resulta em um score (%) consolidado por nível e que, quando agrupados, determinam o desempenho global da dimensão de acordo com os níveis do modelo de maturidade apresentado anteriormente.
Abaixo, trazemos um exemplo de resultado de desempenho de uma dimensão:
Fonte: Bridge & Co., 2021.
Nesse modelo, todas as dimensões são medidas a partir da mesma metodologia, ocorrendo apenas variações na quantidade total de práticas ou níveis por dimensão. E, ao final da análise, é possível chegar ao score de maturidade da TI como um todo.
Além disso, a partir da definição de indicadores-chave (KPIs) para cada uma das dimensões de atuação, habilitava-se a possibilidade de cada time ter seu desempenho avaliado acerca das práticas de cada disciplina e, consequentemente, perante as práticas da TI como um todo. Exemplo:
Fonte: Bridge & Co., 2021.
Por fim, com as dimensões mensuradas e com os seus respectivos KPIs, as análises referentes à TI e ao time eram combinadas chegando ao nível global de performance da TI conforme ilustração abaixo:
Fonte: Bridge & Co., 2021.
Conclusão
Fazer uma leitura fina dos pontos fracos e pontos fortes, em termos de maturidade, é um habilitador para que uma organização identifique as práticas e/ou equipes menos maduras, sendo o ponto de partida para o direcionamento de treinamentos, formação de novos profissionais e o aumento de esforços nas práticas deficitárias em prol da estabilização da sua operação.
Para tanto, como evidenciado, não é exigido que modelos padronizados sejam seguidos à risca, sendo possível adaptá-los ao contexto e às particularidades dos ambientes mais complexos para que assim sejam agregadores ao negócio de fato.
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A Bridge & Co. possui expertise nos temas de Governança de TI e Agilidade, sendo capaz de apoiar a sua organização nas iniciativas de avaliação da maturidade da governança digital e tecnológica, elaboração do roadmap de implantação, gestão dos projetos de aumento de maturidade e implantação de estruturas organizacionais. Agende um horário com um de nossos especialistas.
Fernando Batista é sócio da Bridge & Co. e líder de Gestão de Processos e Práticas Lean. Construiu sua carreira atuando em projetos complexos envolvendo gestão e tecnologia. Formado em Engenharia Mecânica pela UNICAMP, possui MBA Executivo no Insper e diversas certificações ligadas a Governança de TI, Agilidade, LGPD e Processos.