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Se você tem o hábito de se manter atualizado sobre as principais tendências de tecnologia no mundo, é provável que já tenha se deparado com o termo “computação de borda(no inglês, edge computing).

Segundo o Gartner®, mais de 50% dos dados gerados pelas empresas serão criados e processados fora do data center ou da nuvem em 2022.

Para ficarmos na mesma página sobre as análises que virão, destacamos a seguinte conceituação:

O que é computação de borda?

É uma forma de projetar a topologia computacional em que a capacidade de processamento da informação está na borda. Isso é, está localizada na ponta, na localização física onde o equipamento está.

Qual equipamento? Pense em uma geladeira, televisão, câmera de segurança ou uma máquina industrial. Nesse tipo de topologia, é na borda que ocorrerá processamento das informações e não apenas a coleta e transmissão.

Computação de borda é o mesmo que Internet das Coisas (IoT – Internet of Things)?

Por mais que os conceitos possam caminhar juntos, eles não significam a mesma coisa.

O conceito de IoT prevê que as “coisas” (dispositivos eletrônicos industriais, pessoais e domiciliares) estarão cada vez mais conectados à internet, enviando dados coletados na ponta.

Percebam que, neste caso, para o conceito de IoT basta o dispositivo ser capaz de coletar um dado na ponta (borda), armazená-lo por alguns instantes e enviá-lo, por meio de alguma antena ou conexão cabeada de rede, para um dispositivo que seja capaz de receber esse dado e transmiti-lo até o centro de processamento.

Afinal, onde está esse centro de processamento? Em diversos lugares possíveis: na sala técnica de uma indústria, no data center de uma grande empresa ou, na maioria dos casos, na nuvem.

Portanto, para o conceito puro de IoT, basta que o dispositivo tenha capacidade de coletar um dado e transmiti-lo para um centro de processamento pela internet.

Pense em um relógio que monitora atividades esportivas: ele está no seu braço coletando o batimento cardíaco, sua velocidade de corrida e o percurso feito através do GPS. Uma vez que você faz o pareamento com o Bluetooth para o seu celular, os dados são transmitidos. Do seu celular, conectado à internet, esses dados sobem para a nuvem e passam a constar no seu histórico de performance. A partir disso, sairão análises preditivas, sugestões e orientações mais específicas para seus futuros treinos.

Computação-de-borda

O caso acima explica bem IoT, mas não computação de borda. No exemplo, a inteligência computacional foi realizada em algum servidor na nuvem do aplicativo de corrida – onde foi possível traçar alguma análise preditiva sobre o futuro desempenho do atleta – não na borda (dentro do relógio).

Vamos pensar, então, que o relógio tenha componentes computacionais embarcados nele próprio para coletar os dados, armazenar e processá-los. Gerando assim suas análises preditivas e sugestões de treino sem ter que se conectar à nuvem do aplicativo.  Estaremos, dessa forma, falando de computação de borda.

Computação de borda é a mesma coisa do que o clássico “processamento local”?

Sim e não. Sim se estivermos falando do tradicional computador do usuário, ou do servidor físico, que fica armazenado em uma sala técnica industrial. Aqui, não temos muitas mudanças no conceito e vocês poderiam entender mais como um “retrofit” do mercado para o mesmo assunto.

Porém, a resposta é não na medida em que temos, agora, outras “coisas” com capacidade computacional local que não tínhamos há algumas décadas.

Uma câmera de segurança, por exemplo, agora tem capacidade computacional suficiente para não precisar de um servidor, assim como relógios, raquetes de tênis, máquinas de café expresso e geladeiras. Essas novas famílias de eletrônicos justificam em partes o advento do novo termo. E, com certeza, o marketing e a pressão por novas ofertas comerciais explicam o restante.

Benefícios em potencial:

Computação-de-borda
  • Redução de latência e aumento da precisão do processamento: isso pode ser relevante para situações em que o tempo de análise e tomada de decisão sejam cruciais.
Computação-de-borda
  • Privacidade e conformidade: capacidade de se adequar localmente a leis e requisitos de armazenamento seguro de dados, segregação de acesso etc.
Computação-de-borda
  • Quando se trabalha com volumes altos de coleta de dados na borda, transmiti-los entre sites ou gerar fluxo de transferência para nuvem pode se tornar muito caro. Nesses casos, ter o processamento na borda reduz custos.
Computação-de-borda
  • Quando não há confiança dos serviços de internet locais, muito comum em regiões mais remotas dos territórios: nesses casos, somados a operações que não podem parar, manter a capacidade computacional na borda reduz riscos de parada operacional e lucro cessante.

Situações em que o conceito vem sendo aplicado mais forte:

Transações financeiras em que o “tempo real” é crítico.

Experiências imersivas de varejo
(phygital).

Entretenimento em trânsito (aviões, trens, ônibus).

Estações de realidade virtual e aumentada (Metaverso).

Assistentes
pessoais por
controle de voz.

Empilhadeiras autônomas em centros de distribuição.

Prateleiras
de lojas
virtuais.

Reconhecimento automático de imagem por vídeo.

Oportunidades e desafios:

A computação de borda endereça as limitações da computação centralizada (como latência, largura de banda, privacidade de dados e autonomia) movendo o processamento para mais perto da fonte de dados.

Com isso, aumenta e expande as possibilidades do modelo centralizado de nuvem em hiperescala, suporta a evolução sistêmica e implantação da IoT, além de suportar tipos de aplicativos totalmente novos, permitindo aplicativos de negócios digitais de próxima geração.

Com o advento da 5G, teremos a possibilidade de montar modelos híbridos de nuvem em hiperescala com a computação de borda coexistindo, ampliando assim os limites da nossa criatividade e capacidade de topologia computacional.

Além disso, poderá otimizar, caso a caso, as necessidades de valor das empresas, como custo, latência, disponibilidade, segurança, privacidade.

Para quem trabalha com tecnologia, manter-se antenado às tendências é um imperativo. Esperamos que esse pequeno texto tenha gerado bons insights!

Carlos Eduardo Carvalho é sócio-diretor e líder de governança de TI e ITSM da Bridge & Co. É mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, auditor ISO 20.000, certificado ITIL Expert e CGEIT, entre outras. É professor de pós-graduação em Estratégia e Governança de TI em instituições como UFRJ, UFJF e FGV. Possui experiência em projetos de grande porte de transformação digital, desenho organizacional de áreas de TI e elaboração de processos orçamentários para Tecnologia da Informação.
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