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Apesar de ser um tema falado há alguns anos, a Transformação Digital continua sendo um tópico abordado constantemente nas organizações. A necessidade de digitalização dos negócios, independente se o objetivo for a transformação do seu modelo ou otimização de sua operação, continua em uma crescente e novas tecnologias surgem ano após ano dentro desse contexto.

Uma das tecnologias em alta, principalmente nos últimos três anos, é o Robot Process Automation (RPA). Ao avaliarmos o mercado de robotização e tecnologias, vemos que o RPA já atingiu USD 4.5 bilhões de dólares em 2019 apenas em serviços segundo o Gartner®. Essa tecnologia tem como principal característica a disponibilização de robôs que mimetizam ações humanas, buscando substituir pessoas em tarefas que apresentam, normalmente, um baixo valor para o negócio.

O futuro da automação nas empresas traz preocupações em relação ao potencial de substituição de humanos por robôs nos ambientes de escritório. No entanto, apesar do conceito de Hiperautomação estar sendo amplamente discutido nas organizações, ainda teremos muito caminho a percorrer até chegarmos lá. Atualmente, estamos entrando na fase do RPA 2.0, na qual teremos robôs alavancando a produtividade nas organizações e trabalhando de forma colaborativa com os humanos.

Esse modelo de colaboração Humano/Máquina, iniciado em 2020 para o ambiente de escritórios, é um assunto que ainda está em crescimento e ganhando maturidade nas organizações. Para atingir um bom nível de maturidade, listamos alguns aspectos que precisarão ser trabalhados:

  • Cultural: ter robôs e humanos coexistindo não é algo trivial. Ainda não vemos, por exemplo, robôs assumindo posições em estruturas organizacionais. Entender a operação de um robô e saber apoiá-lo será um desafio principalmente em contextos em que a colaboração entre humanos não é bem desenvolvida.
  • Skills: o perfil para os novos empregos, seja para Tecnologia da Informação (TI) ou demais áreas de negócio, precisará mudar. As áreas precisarão cada vez mais desenvolver skills de tecnologia e profissionais da TI precisarão desenvolver skills de negócio. O trabalho será mais intelectual, de design e concepção de soluções para problemas complexos, e menos operacional.
  • Tecnologia: para que a colaboração ocorra em sua plenitude, é importante que tecnologias a habilitem. Costumamos aproximar bastante esse aspecto a um dos pilares do DevOps. Nesse momento, precisamos aproximar o humano do robô em um ambiente virtual e digital, automatizando ao máximo esse relacionamento. Esse aspecto será o ponto focal do próximo tópico.
  • Estratégia: é importante que as empresas mudem o mindset quanto ao seu planejamento estratégico institucional e o planejamento estratégico de TI. A transformação digital precisa ser conduzida em nível institucional e não apenas como um assunto de TI. Além disso, a tecnologia precisa ser pensada em nível estratégico e de forma combinada.
  • Operacional: assuntos como a orquestração de workforces digitais serão um ponto de extrema importância. Além disso, outros assuntos precisam ser tratados, como empoderamento dos funcionários e flexibilização de processos decisórios. A gestão por processos e a governança de dados serão um ponto central para que robôs e humanos trabalhem juntos e conceitos como DigitalOps serão amplamente tratados.

Como podemos entender o aspecto tecnológico desse contexto?

Como explicitado anteriormente, a tecnologia é uma das principais aliadas para que ocorra a colaboração entre humano e robô e deve percorrer todo o ciclo de vida da relação do humano com o robô.

A seguir, navegaremos por alguns aspectos do ciclo de vida do robô junto ao humano, trazendo alguns insights e tecnologias que hoje já existem e podem apoiar nesse relacionamento:

Identificação de oportunidades e construção de robôs:

Humano e máquina já começam a trabalhar em conjunto no momento da identificação de oportunidades de automação e na construção do próprio robô. Por meio de uso de tecnologia, é possível termos diferentes abordagens para a digitalização dos processos, conforme figura apresentada abaixo:

Fonte: Adaptado de UiPath (2019)

O humano, mais especificamente os funcionários das áreas de negócio, poderão com o apoio das máquinas descobrir novas oportunidades de automação e construir seus próprios robôs. Por meio de ferramentas de Process e Task Mining, com Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML), é possível descobrir, documentar, avaliar retorno e construir robôs para novos processos da organização. A identificação automática por meio de tecnologia unida à capacidade intelectual e analítica do humano permitirá a aceleração da Transformação Digital.

Execução de processos:

Humano e robôs executarão processos de negócio juntos e as atividades serão transitadas entre eles com certa constância e frequência. A criação de um ambiente virtual para que essa interação ocorra é um dos pontos importantes nesse momento do ciclo de vida da robotização. A gestão dessas tarefas será feita em uma plataforma web, através da qual humanos poderão acionar robôs e robôs poderão acionar humanos. Além desse ambiente, humanos e robôs poderão conversar por voz ou texto, por meio de conversas em linguagem natural através de chat bots inteligentes.

Melhoria contínua:

A melhoria contínua, tanto dos processos quanto das automações, também será alavancada a partir da colaboração entre pessoas e robôs. Os robôs podem coletar dados dos processos durante a sua execução e, com ajuda de IA e ML, gerar insights importantes para o negócio. Mais uma vez, ao unirmos a capacidade intelectual humana com a capacidade cognitiva dada às máquinas, teremos o processo de melhoria contínua automatizado e otimizado.

Conclusão

Ainda teremos um longo caminho para chegarmos até o nível de independência reforçado pelo conceito da Hiperautomação. A realidade é que ainda precisamos avançar bastante em um mundo onde humanos e máquinas colaborem entre si.

Os ganhos ao unirmos os dois mundos em um ambiente de colaboração são diversos. Abaixo trazemos um quadro síntese que demonstra esses potenciais ganhos:

Fonte:  Adaptado de UiPath (2019)

Leonardo Martins é Sócio Sênior e Líder de Automação e Robotização da Bridge & Co. Possui formação em Engenharia de Computação e Informática pela UFRJ e MBA em Gerenciamento de Projetos pelo IBMEC. Com 10+ anos de experiência em projetos de Automação e Digitalização de Processos de Negócio na Bridge e na Accenture, é o responsável pela estruturação dos serviços de Robotização em parceria com os principais fornecedores de tecnologia do mercado de RPA (IBM, Automation Anywhere, UiPath e Blueprism). Acumula diversas certificações de tecnologia como COBIT e ITIL®.

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