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Em um cenário de ampla incerteza, projetar tendências se torna uma atividade arriscada. O mundo passa por grandes mudanças estruturais e, estando no epicentro dessas transformações, uma densa neblina atrapalha a visibilidade de médio e longo prazo.

Este será o ano de combate à pandemia da COVID-19. A corrida contra o relógio para vacinação em massa já está provocando um grande desequilíbrio na cadeia global de suprimentos e acentua mais ainda as desigualdades socioeconômicas. Soma-se a isso um alto grau de incerteza em relação à possibilidade de mutação do vírus e à capacidade das vacinas darem conta dessas variações. Quando é estimado que o mundo estará vacinado em larga escala? Nenhuma previsão é confiável.

Por outro lado, no contexto político, a grande instabilidade gerada pelo processo eleitoral norte-americano abala a crença democrática em todo o mundo. Os recentes episódios de invasão ao Capitólio dão sinais e estímulos a outras nações a questionarem suas instituições e alimentam um perigoso calor radical e nacionalista. Para mercados financeiros e para o processo global de negócios, tais instabilidades aumentam riscos e desestimulam a atividade econômica.

As questões climáticas, que têm recebido menos atenção do que deveriam, representam o terceiro vetor de incerteza que deve estar no radar das organizações. Alterações na temperatura global, somadas a fortes eventos climáticos, se tornam cada vez mais ameaças para organizações ao redor do mundo.

três-vetores
Bridge & Co. (2021)

Nesse contexto, as tendências aqui apresentadas tratam de mudanças tecnológicas que podem auxiliar pessoas e organizações a estarem mais preparadas para o cenário incerto que se apresenta a nossa frente. Tais avanços serão divididos em três eixos, representando os avanços em tecnologia em si, nas organizações e na vida das pessoas:

mudanças tecnológicas

Análise sobre o cenário empresarial brasileiro

Projeta-se uma contínua e crescente adoção de tecnologias de hiperautomação. Estas são vistas como os motores centrais do processo de transformação digital, uma vez que possibilitam a redução de custos operacionais e a migração das tarefas meramente repetitivas e transacionais para robôs inteligentes que interagem com outras tecnologias da empresa. O Gartner® prevê que até 2024, 70% das grandes empresas terão ao menos 70 iniciativas de hiperautomação em vigor, demandando esforços de governança para viabilizar estabilidade.

Com a expansão e democratização do uso de tecnologias de Inteligência Artificial, processos analíticos e decisórios migram para um novo patamar. Gestores ganham uma capacidade expandida de ver além do que seus tradicionais relatórios e análises de cenário permitem. A pulverização de IA para as bordas, isto é, para dentro de máquinas industriais do chão de fábrica e para sistemas de informação, permite que os benefícios possam ser colhidos em maior escala a partir de agora. Bernard Marr, que escreve sobre Tecnologia na Forbes.com, aponta que a migração cada vez maior para serviços on-line trará um amplo espaço para tecnologias de IA identificarem padrões de consumo e hábitos de utilização de serviços digitais, gerando capacidade de customização e direcionamento de ofertas como nunca vimos antes.

Tecnologias 5G ainda serão raras em 2021 para o contexto brasileiro, porém esse pode ser um ano de experimentação e de planejamento dos investimentos e projetos necessários para usufruir dessa nova tecnologia disruptiva nos próximos anos. Empresas com atuação internacional devem monitorar os constantes avanços principalmente em países como China e Estados Unidos, que lideram a disputa pelo pioneirismo nesta área.

Com o processo de digitalização acelerado e volumes cada vez maiores de serviços migrados para nuvem, torna-se mais crítico projetar arquiteturas digitais resilientes, com baixa latência e alta garantia de continuidade operacional. Nessa linha, desenhos de nuvem distribuída passam a se tornar mais relevantes, buscando redução de riscos de ruptura dos serviços.

A migração da força de trabalho para o home office trouxe um novo paradigma para profissionais de segurança da informação. Novos perímetros de proteção precisarão ser criados, na medida em que as pessoas passarão a trabalhar mais de suas casas a partir de agora. Novos cuidados precisarão ser definidos em relação à gestão de identidade, segurança dos endpoints, autenticações seguras, dentre outros aspectos.

Por fim, com a vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) em território nacional e com a já estabelecida GPDR (General Data Protection Regulation) europeia, a obrigatoriedade de tratar a privacidade de dados como tema estratégico impulsionará grandes investimentos em adequação e garantia de conformidade para empresas de todos os portes e indústrias.

Recomendações finais para o cenário de incerteza

Prontidão-digital-é-mandatória
  • Prontidão digital é mandatória: a capacidade de uma empresa operar no mundo digital envolve possuir uma arquitetura de serviços componentizados, estratégia de uso de computação em nuvem e processos automatizados. 
  • Trabalhe de qualquer lugar será a regra: pessoas e empresas aprenderam que grande parte das funções empresariais pode ser feita remotamente. Isso impulsionará um movimento de migração para fora do eixo urbano tradicional e reduzirá a necessidade de manutenção dos elevados custos com escritórios e instalações.
  • A guerra por talentos irá piorar: o mundo forma menos profissionais tecnicamente qualificados do que é demandado pelas iniciativas de transformação digital. Isso está provocando uma guerra global por talentos. Olhar apenas mercados locais não será suficiente. Empresas estão buscando profissionais de diversos países para compor sua força de trabalho digital remota.
Menos-produtos,-mais-serviços
  • Menos produtos, mais serviços: impulsionados por diversas forças, tais quais a temática de sustentabilidade e os novos modelos de negócio digitais, empresas tradicionais já começaram uma migração do tradicional modelo de venda de produtos para aluguel de serviços. Receita recorrente é o novo ouro nessa transformação.
  • Agilidade ou morte: estando no centro do furacão, empresas que não possuem agilidade incorporada à sua cultura e ao seu processo decisório estão perdendo força para aquelas que ajustam suas estratégias prontamente e se antecipam em relação às mudanças do padrão de consumo.

Conte com os especialistas da Bridge & Co. caso queira aprofundar mais em análises de impacto de tais tendências em sua estratégia.

Carlos Eduardo Carvalho é sócio-diretor e líder de governança de TI e ITSM da Bridge & Co. É mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, auditor ISO 20.000, certificado ITIL Expert e CGEIT, entre outras. É professor de pós-graduação em Estratégia e Governança de TI em instituições como UFRJ, UFJF e FGV. Possui experiência em projetos de grande porte de transformação digital, desenho organizacional de áreas de TI e elaboração de processos orçamentários para Tecnologia da Informação.

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