Organizações mundo afora estão passando por um momento muito peculiar. Esse período é marcado por pressões e desafios, como a busca por resultados sustentáveis a curto e longo prazos; a necessidade de repensar os modelos de negócio dada a “tsunami digital”; e o receio de estarem ficando para trás no tema de Inteligência Artificial (IA). Além disso, muitas organizações aguardam, de certa forma, o desenrolar dos grandes conflitos geopolíticos e militares. Mais do que nunca, a capacidade de rápida adaptação e agilidade na resposta a mudanças será uma competência central para a permanência e crescimento de empresas nesse cenário complexo.
Nesse cenário, é essencial que as empresas compreendam os diversos fatores que influenciarão o futuro próximo. A seguir, exploramos os contextos global, econômico, empresarial e tecnológico que devem ser levados em conta pelas organizações em suas jornadas em 2025.
Os riscos da nova Era
À medida que crescem as aplicações e oportunidades de usar a IA para alavancar negócios, crescem também, de forma proporcional ou até superior, as vulnerabilidades para as organizações. Torna-se necessária cada vez mais a implantação de uma cultura de validação. Com o uso de avatares virtuais, modelos que sintetizam voz e utilizam engenharia social avançada para se passar por outra pessoa, entramos em uma era na qual precisamos sempre validar a veracidade de fotos, vídeos e até mesmo pessoas que se passem digitalmente por alguém. O caso amplamente conhecido de um fraudador que se passou por um executivo financeiro em uma videoconferência para dar ordens de transferência de valores elevados marcou o início do que está por vir. A validação é necessária mesmo que você esteja falando com alguém por vídeo, por voz ou por texto. A IA permitirá clones digitais idênticos, com ampla capacidade de saber tudo que é deixado nos rastros digitais pela web.
Para além das fraudes ampliadas por IA, riscos relacionados ao vazamento de dados crescem com o advento e proliferação do uso de modelos de IA generativa nas empresas. O ano de 2025 será marcado pelo aquecimento da temática de Regulação e Governança de IA, na medida que governos e empresas pressionam suas áreas de compliance para pensarem como criar controles que reduzam os riscos de mau uso e vazamento de dados. O avanço da regulação europeia e a corrida do legislativo brasileiro para passar o Projeto de Lei que prevê o início da regulação da IA darão o tom para empresas privadas e públicas se organizarem, assim como aconteceu com o “boom” da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Por fim, mas não menos importante, destacamos o grande desafio relacionado à pauta ESG (no inglês, Environmental, Social e Governance). O avanço da IA requer um enorme consumo de energia. E a ampliação dessa oferta de energia para suportar o crescimento da capacidade computacional não necessariamente virá de fontes limpas. Como conciliar o avanço de tecnologias que têm o potencial de ajudar na descoberta de vacinas e curas de doenças com a minimização do impacto ambiental? A linha tênue entre avanço e retrocesso está nas principais mesas de discussão de governos e organismos internacionais.
Estima-se que os datacenters globais que operam as máquinas necessárias para rodar os modelos de IA, criptomoedas, dentre outros, gastam cerca de 2% de toda a energia gerada no mundo. Em um recente artigo publicado no , a jornalista especializada em questões ambientais Casey Crownhart, aponta que não apenas o avanço da IA, mas a eletrificação da mobilidade urbana e do setor industrial se somam nos vetores de maior demanda por energia. O contraponto está na aceleração e expansão do uso de geração de energia solar, eólica e de fontes diversas não poluentes para equilibrar a equação. De toda forma, essa será uma das principais pautas vinculadas ao ESG a partir de 2025.
Conclusão
A Bridge & Co. acompanha de perto grandes organizações nacionais e globais em seus desafios de Business Transformation. Na prática, vemos como esses debates reconfiguram o pensamento estratégico de seus futuros modelos de negócio.
A chamada principal para líderes empresariais é materializar uma cultura de agilidade real em seus negócios, não apenas na teoria e muito menos apenas para as áreas digitais. Cultura de agilidade para tornar seus negócios responsivos o suficiente, possibilitando reagir à materialização das ameaças e usufruir das oportunidades do horizonte.
A Inteligência Artificial é uma lâmina que corta tanto a fruta que queremos comer quanto pode cortar a nossa pele. Aumentar a destreza digital da nossa força de trabalho, tornar-nos capazes de monitorar momentos corretos de investimento e apoiar-nos em redes de parceiros qualificados é o caminho para navegarmos um 2025 menos turbulento.
Desejamos bons ventos a todos e que a travessia seja segura e bem-sucedida!
Fundador e CEO da Bridge & Co., Engenheiro de Produção e Mestre pela COPPE/UFRJ e com MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral. É Especialista em Business Transformation com ênfase em transformações orientadas pelas tecnologias digitais com automação de processos, análise de dados e inteligência artificial. Certificado ITIL 4 Managing Professional, ITIL 3 Expert, CGEIT e Auditor ISO/IEC 20.000. Atua também como palestrante, autor e professor de pós-graduação em instituições como UFRJ, FGV, UFJF e Fiocruz.