A Engenharia de Requisitos tem um papel de destaque no desenvolvimento de produtos de software. A partir dessa prática, é possível alinhar as expectativas e satisfação dos clientes, bem como o cumprimento de prazos e orçamentos dentro do limite esperado. Essa atividade, no entanto, não é tarefa fácil. Envolve não só a identificação dos requisitos necessários junto aos stakeholders, mas a devida documentação e formalização das informações levantadas de modo a consolidar a rastreabilidade do processo.
Aplicação de um modelo para definição e gerenciamento de requisitos:
Para apoiar nossos clientes na definição e gerenciamento de requisitos em projetos tradicionais, estruturamos e aplicamos um modelo contemplando as etapas apresentadas a seguir:
Bridge & Co., 2022
Para desdobrar as etapas descritas, detalharemos a aplicação dessa metodologia em um cliente do setor automobilístico.
Etapa 1 – Definição e revisão de atividades, regras e responsabilidades:
A 1ª etapa do método consiste em elaborar (ou evoluir) o processo de requisitos em função das práticas de gestão de projetos na organização. Para tal, é importante realizar encontros de levantamento, refinamento e validação junto aos times envolvidos no processo, bem como estruturar instruções de trabalho de modo a detalhar as respectivas atividades consideradas.
Além disso, para o case em questão, foi sugerida a construção de dois fluxos de requisitos: um com foco em novos desenvolvimentos (ou seja, criação de novos produtos) e outro para melhorias sistêmicas (mudanças evolutivas).
Nesta etapa, para uma definição de requisitos mais completa e otimizada, é importante que sejam avaliadas as características descritas abaixo:
- Delineamento da visão de produto pretendida pelo negócio.
- Realização de alinhamentos preditivos entre a área de TI e áreas de negócio.
- Utilização de repositório padrão de requisitos para apoio na identificação de requisitos não funcionais.
- Rodadas de refinamento de requisitos antes da elaboração de especificações.
- Priorização de requisitos essenciais para atendimento da visão de produto solicitada pelo negócio.
- Utilização de artefatos de suporte para testes integrados e homologação da solução.
Etapa 2 – Elaboração de artefatos e repositório padrão:
Esta etapa foi executada por meio dos 3 passos descritos abaixo:
Passo 1
Análise de artefatos existentes
Passo 2
Documentação e criação
Passo 3
Rodadas de discussão
Com base nesses tópicos, são construídos os artefatos para viabilizar o suporte necessário ao processo de requisitos, além da devida documentação, padronização e formalização. No case em questão, podemos destacar, por exemplo, os seguintes artefatos:
- Documento de Visão do Produto: checklist com os principais tópicos que precisam ser contemplados na formalização de documentos e aprovação de fase, visando otimizar o trabalho de estruturação e servir de apoio aos respectivos executores.
- Repositório de requisitos padrões: base consolidada de requisitos não funcionais considerados padrões (no contexto da organização) que devem ser seguidos ou consultados durante o desenvolvimento do processo.
- Booking de Indicadores de Desempenho: documento consolidado com indicadores de desempenho considerados para o processo, incluindo o detalhamento necessário em relação à forma de medição destes, sua frequência, meta, seu responsável e resultados obtidos.
Esta etapa também inclui a definição do repositório padrão de documentações e informações para o fluxo de requisitos, ou seja, o local onde todos os pontos levantados e artefatos construídos devem ser armazenados para garantir sua disponibilidade a todos os envolvidos no processo.
Etapa 3 – Treinamentos e envio de comunicados:
Para a condução desta etapa, consideramos os 3 pilares principais descritos abaixo:
1. Materiais de treinamentos
- Elaborados com base na Instrução de Trabalho do Processo.
- Inclusão de exemplos práticos no material do treinamento.
- Ênfase nos benefícios do processo.
2. Execução de treinamentos
- Segregado por públicos-alvo.
- Rodadas ao vivo por grupo.
- Rodadas envolvendo todos os grupos juntos.
3. E-mails e comunicados
- De acordo com o modelo padrão de comunicados e de divulgação do cliente.
- Ênfase nas principais mudanças do processo.
- Ênfase nos benefícios do processo.
Etapa 4 – Monitoramento e acompanhamento do processo implantado:
Por fim, passamos para a etapa de operação assistida que tem como objetivo não só acompanhar e monitorar o novo processo na prática, mas facilitar o processo de absorção acerca do novo fluxo e das atividades definidas (incluindo métodos e artefatos construídos).
Nesta etapa de operação assistida, destacamos três ações principais:
- Monitoramento periódico do processo e acompanhamento de projetos selecionados junto aos principais envolvidos.
- Medição e consolidação de indicadores pré-estabelecidos para o processo de modo a validar a robustez e aplicação destes.
- Análise de resultados e elaboração, se necessária, de planos de ação visando elencar pontos de melhoria ao fluxo e adequação deste ao contexto da organização.
Principais outcomes da aplicação do modelo:
Por meio da aplicação do método descrito no case citado, foram obtidos os seguintes outcomes:
- Padronização da condução e execução do processo na área de TI do cliente.
- Obtenção de rastreabilidade e gestão do conhecimento sobre o tema.
- Aumento gradual da aderência do escopo dos projetos de TI entregues.
- Maior alinhamento de expectativas entre a TI e as áreas de negócio.
Conclusão
O case apresentado tem o intuito de exemplificar como é possível construir um processo de requisitos, atrelado e aderente ao contexto da companhia, incluindo a estruturação de artefatos de suporte e o estabelecimento de repositório padrão.
A aplicação deste método permite a avaliação e análise de soluções e requisitos de forma prévia ao desenvolvimento de novos produtos, assegurando a conformidade destes frente às estratégias corporativas para a construção de soluções viáveis e otimizadas que, de fato, atendem às necessidades da organização, minimizando possíveis riscos e/ou atrasos.
É importante ressaltar que as características específicas e o contexto de cada organização devem ser sempre levados em consideração para a aplicação deste processo.
Entre em contato com um dos nossos especialistas para saber como a Bridge & Co. pode ajudar a sua organização a estruturar um processo de requisitos, de ponta a ponta, incluindo mapeamento dos principais gaps, proposição de melhorias, capacitação de profissionais e condução de etapa de Operação Assistida.
Vitor Suzarte é gerente de projetos da Bridge & Co. Possui formação em Engenharia de Produção pelo CEFET e MBA em Gerenciamento de Projetos pelo IBMEC. É certificado em Agile Scrum Foundation e COBIT 2019. Possui vasta experiência no gerenciamento de projetos e equipes com foco em gestão de projetos, governança de TI e estruturação e implantação de escritório de projetos. Além disso, possui experiência liderando projetos de planejamento estratégico de TI, melhoria de processos e adequações à LGPD.
Ruan Constantino é consultor de processos e projetos na Bridge Consulting. Formado em Engenharia Química pela UERJ, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UCP e certificado em ITIL 4. Atua em projetos de Gestão de Processos e Projetos de TI, Lei Geral de Proteção de Dados, Governança de TI e Mapeamento/D
iagnóstico de Processos.