Skip to main content

Os agentes inteligentes representam uma evolução da integração entre automação e uso de Inteligência Artificial. Em termos de autonomia e capacidade de ação, se encontram no terceiro nível de agência em relação às automações robóticas tradicionais (RPA) e aos assistentes inteligentes, como o Google Assistant e a Alexa. Neste artigo, vamos explorar possíveis aplicações de curto prazo que empresas podem se beneficiar com a adoção desses agentes.

O que é um agente inteligente e como ele funciona?

Os agentes assim são chamados pelo seu elevado nível de “agência”. Combinam capacidade de percepção, aplicam técnicas avançadas de aprendizado e têm autonomia para interagir com outros agentes, sistemas legados, sites, aplicativos e qualquer outro recurso necessário para tomar decisões e atingir os resultados solicitados por seu criador (denominado Principal segundo a Teoria da Agência).

Ou seja, um agente inteligente se distingue de uma automação robótica porque não tem um passo a passo para seguir. Ele não se limita apenas a responder perguntas ou executar ações específicas. Em vez disso, o agente recebe instruções sobre tarefas a serem realizadas e objetivos a serem atingidos por meio de prompt engineering*. A partir disso, ele utiliza modelos de linguagem e realiza as conexões necessárias para interagir com o maior volume possível de dados, sistemas e outros agentes a fim de tomar decisões que não foram previamente configuradas (o que é um aspecto importante de ser destacado). No final, o seu agente inteligente te entregará um resultado. O nível de eficácia dos resultados depende diretamente da qualidade do prompt, de quão bem treinado foi o agente e dos modelos de IA generativa e LLMs (Large Language Models, em inglês) aos quais foi vinculado.

Diagrama explicando como funciona um agente inteligente no contexto empresarial

Fonte: Bridge & Co. 2025.

Casos de uso: aplicações possíveis para empresas

Agente inteligente monitorando e otimizando campanhas de marketing digital automaticamente.

Agentes inteligentes já são vistos em diversas áreas de marketing, atuando de forma complementar à força de trabalho humana. Eles geram eficiência, têm menores custos de operação e, em muitos casos, oferecem maior capacidade analítica para tomada de decisão.

Analista de campanhas pagas: você pode configurar um agente inteligente para monitorar, em tempo real, resultados de campanhas pagas no Google, Linkedin e Instagram, por exemplo. Esse agente pode ter uma missão a atingir relacionada à engajamento ou crescimento de base de seguidores. Uma vez configurado da forma correta e integrado às bases e APIs necessárias, ele pode direcionar investimento de tráfego pago de um lugar para o outro sem a interferência humana, agindo de forma autônoma para maximizar o retorno que lhe foi pedido. Hoje, já é possível ser feito de forma 100% independente.

Agente inteligente realizando triagem de currículos e seleção de candidatos em processos de recrutamento.

Assistente de recrutamento e seleção: um agente inteligente pode ser configurado para ler currículos, identificar características-chave necessárias para uma vaga, ranquear candidatos, identificar riscos e alimentar uma base sugerida para avaliação final – que pode ser feita por outro agente ou um supervisor humano. Em uma operação multiagentes, é possível, inclusive, que todo o processo – desde a triagem inicial até o agendamento de entrevistas para a lista final de selecionados – seja feito por agentes inteligentes.

Inteligência artificial analisando contratos e identificando riscos jurídicos para empresas.

Analista contratual: esse agente inteligente consegue ser treinado para identificar riscos e desvios em minutas contratuais a partir de exemplos. No seu processo de treinamento, ele consegue aprender o que é mandatório para a empresa e quais modelos deve seguir. Ao identificar os desvios, de acordo com o que for passado no prompt, pode agir de forma autônoma para solicitar revisões ou até mesmo ajustar o que precisa. Quanto mais acessos a outros sistemas tiver, maior sua capacidade de integração com processos de compras, contratações e recrutamento da empresa.

Agente inteligente monitorando transações financeiras para detectar fraudes em tempo real.

Analista antifraude: o agente pode monitorar um grande volume de transações financeiras em tempo real e identificar situações suspeitas. A partir de aprendizado contínuo, consegue aprimorar sua percepção do que são fraudes e o que são falsos positivos. Com sua autonomia, consegue tomar decisões de bloqueio de transações, solicitar verificações de autenticidade e aprovações. Quanto mais integrada for sua arquitetura com os sistemas internos, maior seu nível de agência.

Conclusão

A criação dessa nova força de trabalho agêntica exigirá cada vez menos conhecimento de programação. As plataformas de criação de agentes inteligentes low-code possibilitam que um conjunto amplo de profissionais se capacite para essa criação.
Porém, há riscos envolvidos. É fundamental que todos tenham ciência que um agente inteligente tem autonomia. Diferente de um robô criado por RPA, ele terá variações de resultado devido à natureza dos modelos de IA generativa que utiliza. São operações probabilísticas que irão alucinar e desviar dos seus resultados.

Para que essa jornada seja bem-sucedida, é essencial que as equipes envolvidas sejam habilitadas em engenharia de prompt e que conheçam as características, custos e vantagens das diversas opções de modelos fundamentais. Tão importante quanto é a compreensão de que se torna necessária uma contínua supervisão, treinamento e aprimoramento dos agentes para que, um dia, consigam ter autonomia total para operar em produção. Até lá, mãos à obra, que temos muito trabalho a executar! Não é um caminho curto, porém aparenta cada vez mais ser muito promissor em termos de resultados de negócio.

FALE COM UM DOS NOSSOS ESPECIALISTAS

*Prompt Engineering (ou Engenharia de Prompt) é o conjunto de boas práticas usadas para dar comandos para uma Inteligência Artificial Generativa. Como a maioria das IAs Generativas permite acionamento por linguagem natural, é essencial saber como maximizar as chances de um retorno preciso, escolhendo palavras, expressões e orientações adequadas. Muitas pessoas acham que basta escrever “crie a foto de um homem tocando um piano”, por exemplo, para que uma IA gere uma imagem perfeita. No entanto, os resultados costumam ser aleatórios. Para obter maior precisão, é necessário fornecer instruções detalhadas sobre escopo, intenções, exceções, exemplos e outros aspectos. A Engenharia de Prompt, portanto, reúne um conjunto de regras e orientações que ajudam a estruturar melhor os comandos em linguagem natural, permitindo extrair o máximo valor do modelo de IA utilizado.

Fundador e CEO da Bridge & Co., é Engenheiro de Produção e Mestre pela COPPE/UFRJ. Possui MBA Executivo pela Fundação Dom Cabral e especialização em Plataformas Digitais pelo MIT. É especialista em Business Transformation com ênfase em automação de processos, análise avançada de dados e Inteligência Artificial. Atua também como palestrante, autor e professor de pós-graduação em instituições como UFRJ, FGV e UFJF.

Conteúdo relacionado